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  • Mariana Scherma

A luta das mulheres por direitos iguais no Brasil


Da educação superior à representatividade política: entenda a trajetória do movimento feminista



Antes de mais nada, vamos esclarecer: feminismo não é absolutamente nada contra os homens, é a favor das mulheres e de seus direitos – todos eles, nenhum a menos. É como diz uma frase comum na internet e presente em vários movimentos: “Feminismo é a ideia radical de que as mulheres são gente”. Mais uma vez: nada contra ninguém, só a favor da igualdade. E engana-se redondamente quem acha que a luta das mulheres começou recentemente. Essa luta, no Brasil, começou no século XIX reivindicando alguns direitos democráticos, como o voto, o acesso à educação e ao trabalho. Nós vamos te contar mais a seguir!


Votar? Estudar? Não para as mulheres

Por mais absurdo que pareça, o direito a fazer ensino superior só foi permitido às mulheres em 1879. Naquela época, mulheres que frequentassem universidades eram mal-vistas pela população. E pensar que, atualmente, de acordo com dados do INEP, as mulheres são maioria na graduação: mais de 57%.

O direito ao voto demorou ainda mais. Em 1917, a professora Deolinda Daltro, que acabou fundando o Partido Republicano Feminino, liderou uma passeata pedindo a extensão do voto às mulheres, o que acabou rolando apenas em 1932. Ou seja, ainda não fez 100 anos que as mulheres podem votar.

Mulher não podia nem praticar esportes que fossem “incompatíveis com as condições femininas” (oi?) até 1965. Esses esportes eram lutas de qualquer tipo, futebol de salão e praia, polo aquático, halterofilismo, etc. Imagina só como eram as Olimpíadas nesses tempos...


Liberdade sexual e intelectual Quando a pílula anticoncepcional entrou na jogada, a partir de 1960, as mulheres puderam repensar a necessidade de casar. Não precisavam mais ficar em casa cuidando dos filhos enquanto os maridos trabalhavam. Esse novo cenário repercutiu mundialmente. No Brasil, um dos ícones feministas foi a atriz Leila Diniz, que não tinha problema algum em chocar as pessoas dizendo o que pensava ou se deixando fotografar com um biquíni considerado pequeno pra época. Foi a partir dos anos 60 que elas passaram a ocupar mais e mais postos de trabalho. Mas sempre acumulando funções de mãe e dona de casa. Nunca foi fácil.


A violência contra a mulher

Um dado terrível: as mortes qualificadas como feminicídio aumentaram 12,9% em São Paulo, isso em 2018 no comparativo com 2017, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Imagina, então, antes da década de 80, quando esses crimes começaram a ser encarados de frente…

Foi em 1980 que se começou a pensar em criar centros de autodefesa, para coibir a violência doméstica contra a mulher. O lema na época era “Quem ama não mata”. A primeira delegacia especializada no atendimento às mulheres só foi criada no Brasil em 1985.

A lei Maria da Penha, que, segundo a ONU, é uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra as mulheres só entrou em vigor em agosto de 2006, durante o mando do presidente Lula.

Temos as leis. Mas ainda temos muita violência. Denunciar é sempre o melhor caminho e isso pode ser feito pelo telefone, o número é 180.


E hoje?

Apesar das conquistas passadas, ainda falta muito para as mulheres. Salários equivalentes, direito de voz igual ao dos homens, representatividade e legitimidade. Isso sem falar na questão das mulheres negras, cuja luta é ainda mais difícil, principalmente nos degraus mais baixos da pirâmide social. São várias lutas dentro de uma luta geral.

Na política, por exemplo, ainda falta muito. Nesta última eleição, 15% de mulheres passaram a ocupar o Congresso, o que é pouco. A necessidade de mais mulheres na política pode ajudar em questões polêmicas, como o aborto. No Brasil, o aborto só não é considerado crime em caso de risco de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico. A presença feminina é necessária para repensar reformas, inclusive, como as da Previdência. Mulheres ainda acumulam as funções de dona de casa, cuidam de pessoas e trabalham fora – por isso acabam aposentando mais cedo.

A luta do feminismo atualmente é mais ampla e foca em ressignificar o que é ser mulher hoje em dia. Conceito que deveria ser simples: elas podem ser o que quiserem, com os mesmos direitos e respeito que todo mundo.

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